Morte de Actêon (Ovídio, Metamorfoses, 3. 143-252)
Acteon’s death (Ovid, Metamorphoses, 3. 143-252)
Palavras-chave:
tradução poética, hexâmetro datílico, dodecassílabo, Ovídio, MetamorfosesResumo
Apresento a tradução dos 109 hexâmetros datílicos em igual número de versos, característica que chamo “isostiquia”, do episódio sobre a morte de Actêon, dilacerado por seus cães. Para tanto, dado que o hexâmetro é verso longo e de andamento variável conforme as cesuras, servi-me do dodecassílabo, que é o segundo mais longo dos versos mais usuais na língua portuguesa e dotado também ele de grande variedade, já que pode ter três andamentos: 1) com acento principal na sexta sílaba com sinalefa, ou seja, o verso alexandrino; 2) com acento principal na sexta sílaba sem sinalefa; 3) com acentos incidentes na quarta e oitava sílaba. O episódio, diferentemente do que costuma ocorrer nas Metamorfoses, não é etiológico, e não sê-lo concorre para que seja patético, condição que no caso é corroborada pelo estranhamento causado pela longa e ostensiva série dos nomes gregos dos cães. O modo de verter esses nomes em português não é obvio, mas impõe decidir: mantê-los aportuguesados, como fiz (“Melampo” para Melampus, por exemplo) ou traduzi-los de fato em português (“Negras-Patas”, pois Melampus provém de μέλας, “negro, + πούς, “pata”), como exemplifico com a tradução que Jaa Torrano fez dos nomes das Musas na Teogonia, de Hesíodo? A decisão, por sua vez, pressupõe análise do poema e reflexão teórica sobre a implicação de cada possibilidade.
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Referências
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